por Neide Dantas
Neste filme, a cineasta alemã Margarethe von Trotta conta a história da filósofa Hannah Arendt e seu marido Heinrich, judeus alemães que vivem nos Estados Unidos, como refugiados, saídos de um campo de concentração nazista na França. A América dos anos 50 é um sonho e ela, além de ser professora universitária em concorridíssimas aulas, também escreve artigos para jornais. A partir desta tarefa, surge a oportunidade de Hannah cobrir o julgamento do nazista Adolf Eichmann para a revista The New Yorker.
Ela viaja até Israel e, na volta, escreve todas as suas impressões e os acontecimentos do julgamento, publicados pela revista em cinco artigos, discutindo a temática que passou a se chamar “a banalidade do mal”. Mas o seu trabalho sobre o Holocausto para a revista cria um escândalo e Hannah se vê atacada por todos, começando aí o seu verdadeiro drama.
Nos artigos ela demonstra que nem todos que praticaram os crimes de guerra eram monstros, e relata também o envolvimento de alguns judeus que ajudaram na matança dos seus iguais. A sociedade se volta contra ela e contra a New Yorker, e as críticas são tão fortes que até mesmo seus amigos mais próximos se assustam. Porém, mesmo com todas as críticas, Hannah persiste no que acredita, não pensando, em nenhum momento, em voltar atrás, mantendo sempre a mesma posição, mesmo com o mundo contra ela.
O filme é instigante e nos chama a reflexão, quando não se prende a ideologias e deixa o espectador decidir por si só se é favorável ou contrário à tese defendida por Hannah Arendt, ou seja, o “pensar sem corrimões, de acordo com essa autora. No filme Hannah Arendt, a personagem principal aparece sempre olhando para algum ponto distante, refletindo. Não somente falando, escrevendo livros expondo em suas aulas, mas apenas pensando.